Compreendendo a microbiota nas áreas de pastagens do Bioma Cerrado!
Em constante busca por um biodiagnóstico de solos sob pastagens em sistema de produção orgânica e convencional, aliado à bioprospecção e desenvolvimento de bioinoculantes para forrageiras no Cerrado, o trabalho do coordenador Caio Rachid, do Instituto de Microbiologia Paulo de Góes-UFRJ ganha destaque. Uma equipe comprometida se aprofunda na missão de tornar a pecuária mais sustentável. Ao longo de muitos anos, realizam experimentos de campo meticulosos, coletando dados do solo e das plantas, buscando avanço no conhecimento da dinâmica dos atributos químicos e biológicos do solo.
O projeto teve como objetivo avaliar pastagens manejadas de forma orgânica em comparação com sistemas convencionais, visando o desenvolvimento de bioinoculantes para forrageiras. A redução do uso de insumos químicos nas práticas orgânicas pode favorecer uma comunidade microbiana mais diversificada, intensificando a ciclagem de nutrientes e aumentando o endofitismo. O estudo envolveu quatro propriedades rurais, sendo duas com manejo orgânico certificado e duas com manejo convencional, onde foram realizadas análises físico-químicas e biológicas completas do solo e isolamento de microrganismos endofíticos. As coletas de amostras foram realizadas em propriedades localizadas no estado de Minas Gerais, em áreas de cerrado. As análises físico-químicas incluíram avaliação da fertilidade, estrutura física, granulometria e quantificação de estoques de carbono orgânico do solo.
As análises biológicas envolveram a caracterização das comunidades bacterianas e fúngicas do solo e das forrageiras por sequenciamento genético massivo e isolamento de microrganismos endofíticos.
Os solos avaliados mostraram-se similares em termos de textura, variando entre argilosa e arenosa-argilosa. Solos manejados organicamente apresentaram maior teor de matéria orgânica e carbono orgânico total, sugerindo melhor conservação a longo prazo. Diferenças significativas foram encontradas no pH e nos teores de cálcio e fósforo entre manejos e localidades. Solos sob manejo orgânico apresentaram maior abundância e diversidade de comunidades bacterianas. A análise de enzimas do solo revelou medianas maiores nas propriedades orgânicas, embora sem diferenças estatísticas significativas. A composição bacteriana variou conforme o manejo, com propriedades orgânicas apresentando maior riqueza de espécies e diversidade. Não foram encontradas diferenças significativas na alfa-diversidade das comunidades endofíticas entre os manejos, mas a diversidade foi maior em propriedades orgânicas. A composição bacteriana variou entre manejos, com maior presença de ordens Pseudomonadales e Enterobacteriales em pastagens orgânicas. Foram isoladas mais de 500 estirpes de bactérias e fungos, que continuam sendo caracterizados quanto ao seu potencial de promoção do crescimento vegetal. Dados preliminares mostram grande quantidade de organismos promissores.
O solo abriga a maior e mais complexa biodiversidade do planeta, composta por fungos e bactérias que desempenham papéis cruciais na ciclagem de nutrientes e modulação da emissão de gases de efeito estufa.