PRS - Cerrado abre chamada para novas OSPs e UMs
O Projeto Rural Sustentável - Cerrado acaba de disponibilizar uma nova chamada de seleção para Organizações Socioprodutivas (OSPs) e Unidades Multiplicadoras (UMs). Os(as) interessados(as) devem enviar as documentações até o dia 21 de abril. O resultado está previsto para o dia 25.
Entende-se como Organizações Socioprodutivas (OSPs), agrupamentos como Associações, Cooperativas, Centrais de Associações/Cooperativas, Sindicatos e demais instituições formalmente estabelecidas com viés às práticas produtivas do meio rural. Já as Unidades Multiplicadoras (UMs) são consideradas áreas com potencial de implantação de uma ou mais tecnologias de baixa emissão de carbono apoiadas pelo Projeto – os Sistemas de Integração Lavoura‐Pecuária‐Floresta (ILPF) e/ou Recuperação de Pastagens Degradadas (RPD).
Serão identificadas e selecionadas 5 novas OSPs e 600 novas Unidades Multiplicadoras (UMs) beneficiárias. Com relação às Organizações Socioprodutivas (OSPs) já atendidas pelo projeto, será possível que façam a inclusão de novas Unidades Multiplicadoras (UMs) como beneficiárias, a partir de grupos de pelo menos 25 produtores(as). As novas OSPs poderão se inscrever com grupos a partir de 40 produtores(as).
Benefícios
Entre os benefícios que serão disponibilizados às OSPs estão o Plano de Negócios (PN) de cada organização, ações formativas e de capacitação, Benefícios Coletivos (BCs), Assistência Técnica Organizacional (ATO), participação em ações do Projeto, e divulgação da OSP em eventos, mídias e comitês.
No caso dos(as) produtores(as) rurais, os benefícios incluem assistência técnica especializada, participação em ações de capacitação do Projeto, Dias de Campo, e acesso às demais ações e incentivos relacionados com acesso ao crédito rural, finanças verdes, certificação, transferência tecnológica, entre outros.
Critérios de seleção
As Organizações Socioprodutivas devem obedecer aos seguintes critérios:
- Estar localizada no bioma Cerrado;
- Estar localizada em um dos 101 municípios de abrangência do Projeto;
- Estar legalmente constituída há pelo menos um ano;
- Apresentar Certidões de Nada Consta (CNDs);
- Não ter um histórico de elementos que possam afetar negativamente a sua imagem ou a imagem do Projeto;
- Atender aos limites mínimos e máximos de número de propriedades e de tipos de tecnologias a serem implantadas.
Entre os critérios para os(as) produtores(as) rurais das Unidades Multiplicadoras (UMs), estão: ter RG, CPF ou CNPJ válidos, comprovar a posse legal do imóvel do Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA), e comprovar vínculo com a OSP. Já a propriedade rural deve ter comprovante de inscrição no Cadastro Ambiental Rural (CAR) ou processo de registro em andamento, além de também estar localizada no bioma Cerrado.
Quer saber mais detalhes de como participar?
Está com dúvidas sobre o processo de cadastramento?
Clique aqui e acesse o nosso tutorial!
Está aberta a chamada de novas Unidades Demonstrativas do PRS - Cerrado
Está disponível a chamada de cadastramento e seleção de novas Unidades Demonstrativas (UDs) para o Projeto Rural Sustentável - Cerrado! Os(as) interessados(as) devem enviar as documentações até o dia 31 de março. A seguir, você confere algumas orientações para a seleção de produtores e produtoras rurais, critérios de elegibilidade e avaliação, e os benefícios que serão disponibilizados aos selecionados(as).
O Projeto busca identificar e selecionar 30 novas propriedades que são consideradas áreas de referência de produção agropecuária onde já estão implantados e estabelecidos os Sistemas de Integração Lavoura‐Pecuária‐ Floresta (ILPF) e/ou Recuperação de Pastagens Degradadas (RPD). Serão dadas prioridades às Unidades Multiplicadoras (UMs) que já participam do PRS - Cerrado e que tenham implantado e/ou estejam implantando tecnologias de baixa emissão de carbono que possuam o Componente Florestal.
Benefícios
Os(as) produtores(as) selecionados(as) receberão alguns benefícios, tais como: assistência técnica especializada, participação em ações de capacitação do Projeto, Dias de Campo, e divulgação da UD em eventos, mídias e comitês. Além disso, a propriedade será reconhecida como uma Unidade Demonstrativa, tendo a emissão de um certificado, material promocional e placa de identificação.
Critérios de seleção
Entre alguns critérios de elegibilidade para os(as) produtores(as) rurais, estão: ter RG, CPF ou CNPJ válidos e comprovar a posse legal do imóvel do Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA). Já as propriedades rurais devem obedecer aos seguintes critérios:
- Estar localizada no bioma Cerrado;
- Estar localizada em um dos 101 municípios de abrangência do Projeto;
- Comprovar inscrição no Cadastro Ambiental Rural (CAR) ou processo de registro em andamento;
- Não ter um histórico de elementos que possam afetar negativamente a sua imagem ou a imagem do Projeto.
Para as UMs que já participam do PRS - Cerrado e desejam ser reconhecidas como UD, é preciso que a propriedade já tenha recebido pelo menos um Dia de Campo dentre os realizados pelo Projeto, e que passe por uma identificação e avaliação a ser realizada diretamente pela Equipe de Campo.
Quer saber mais detalhes de como participar?
Clique aqui e confira!
Está com dúvidas sobre o processo de cadastramento?
Clique aqui e acesse o nosso tutorial!
PRS - Cerrado: novas propriedades e oportunidades marcam a extensão do Projeto
O ano de 2025 já nos trouxe boas notícias: o Projeto Rural Sustentável - Cerrado ganhou uma extensão de prazo! Isso significa mais recursos e mais atividades para darmos continuidade aos nossos propósitos de sustentabilidade no meio rural junto aos nossos(as) beneficiários(as). Dessa forma, seguimos firmes na missão de aumentar a produtividade agrícola sem agredir o meio ambiente, visando mitigar as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e aumentar a renda de pequenos(as) e médios(as) produtores(as) no Cerrado.
“Agora, com a extensão do Projeto, teremos mais tempo e recursos para gerar ainda mais impacto real na vida dos(as) beneficiários(as). O ano de 2025 será cheio de ações importantes, principalmente de assistência técnica e fortalecimento das OSPs, estamos muito animados pelo que está por vir, então, fiquem ligados!”, compartilha a Coordenadora Operacional do PRS - Cerrado, Kamila Rocha.
Confira algumas das atividades que estão previstas para os próximos meses no campo:
- Seleção de 30 novas Unidades Demonstrativas (UDs);
- Seleção de 600 novas Unidades Multiplicadoras (UMs) e 5 novas Organizações Socioprodutivas (OSPs), totalizando 1.800 produtores(as) com acesso ao crédito melhorado;
- Novos Dias de Campo.
Além disso, muitas ações de capacitação também estão sendo planejadas para disseminar conhecimentos entre produtores(as), estudantes, técnicos(as) e gestores(as). Entre essas atividades, estão a realização de uma Jornada de Aprendizagem nos estados, cursos para os Agentes de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATECs), e seminários técnicos especializados.
Novos benefícios
As novas OSPs selecionadas receberão diversos benefícios durante a participação no Projeto, entre eles estão: Plano de Negócios (PN), Benefícios Coletivos (BCs), Assistência Técnica Organizacional (ATO), participação em ações de intercâmbio com outras organizações produtivas, Dias de Campo e divulgação da organização em eventos. Já as UDs e UMs receberão assistência técnica especializada, além de também poderem participar das ações e eventos do Projeto. Para as propriedades que já fazem parte do PRS - Cerrado, haverá a ampliação das atividades de ATER, com foco na implantação de tecnologias.
Em breve, novas informações serão divulgadas e o cadastro para novas OSPs e UMs será disponibilizado.
Sobre o PRS - Cerrado
Com atuação em quatro estados brasileiros, o Projeto Rural Sustentável - Cerrado tem como objetivo mitigar as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e aumentar a renda de pequenos(as) e médios(as) produtores(as) no bioma Cerrado, por meio da implementação de tecnologias de baixa emissão de carbono.
O projeto é resultado de uma Cooperação Técnica aprovada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com recursos do Financiamento Internacional do Clima do Governo do Reino Unido, tendo o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) como beneficiário institucional, e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS) como responsável pela sua execução e administração. A Embrapa é a responsável pela coordenação científica e a Associação Rede ILPF pelo apoio técnico.
Clique aqui para saber mais sobre o Projeto.
Atuação de mulheres transforma sustentabilidade no campo
As mulheres agroextrativistas e produtoras agrícolas e pecuárias exercem um trabalho crucial para a segurança alimentar, nutricional e financeira no campo brasileiro. Apesar dessa grande importância no setor produtivo nacional, os últimos dados do Censo Agropecuário (2017) apresentam uma realidade pouco representativa — e nada inclusiva — do número de estabelecimentos comandados por mulheres no Brasil. Dos 5,07 milhões de propriedades rurais, apenas 946.075 (19%) são chefiados por figuras femininas.
Esse cenário, entretanto, não intimida as produtoras beneficiárias do Programa Rural Sustentável (2012-presente). Elas reconhecem o desafio e o enfrentam frente a frente, em busca de ocupar novos espaços no meio rural, transformando-o, assim, em um espaço mais inclusivo e sustentável. Atualmente, são mais de 1.500 beneficiárias no Projeto Rural Sustentável - Cerrado e no Projeto Rural Sustentável - Amazônia, incluindo agricultoras, produtoras e agroextrativistas ligadas às organizações socioprodutivas. Todas fazem parte, juntas, desta jornada pelo desenvolvimento sustentável no campo e por maior qualidade de vida.
No ponto de vista de Melissa Curi, coordenadora de Capacitação do Projeto Rural Sustentável - Amazônia e Cerrado, a sustentabilidade também trabalha diretamente com a busca pela equidade e pela garantia dos direitos das mulheres. “Um dos pilares muito fortes da sustentabilidade é a diversidade. Ter um ambiente diverso e plural, onde diferentes opiniões sejam validadas, escutadas e consideradas, isso é promoção de um desenvolvimento sustentável”, explica. E isso envolve a criação de espaços seguros e atentos para que as mulheres — e suas diversidades — “possam trazer suas perspectivas a respeito de determinados assuntos”, complementa.
A coordenadora contextualiza que essas perspectivas sempre serão múltiplas e diferentes pelas experiências que cada um tem, sejam homens ou mulheres. E podemos, também, ampliar essa discussão ao pensar gêneros, questões raciais e sociais. “Isso é falar de sustentabilidade e de uma sociedade mais justa. É falar de equidade, de liberdade”, destaca. E é falar, também, da construção de um presente e futuro sustentável, saudável, com dignidade e justiça social, ambiental e climática.
Em homenagem a este Dia Internacional da Mulher (8), te convidamos a conhecer Maria Sebastiana Martins, Marilene Fecchi — produtoras no Cerrado —, Marta Suely e Silvia Maia — agroextrativistas na Amazônia. São quatro histórias sobre a vida no campo e na floresta, de liderança e resistência, de momentos de superação e conquistas, objetivos alcançados e novos sonhos a serem realizados.
Projeto Rural Sustentável - Cerrado (2019-presente)
Por trás da história no campo, existe uma mulher que foi responsável por impulsionar diálogos e fortalecer caminhos, seja no cuidado com a família, na condução da propriedade ou na busca de conhecimentos inovadores. A mulher no campo, ao se engajar em iniciativas de sustentabilidade, se torna uma agente de mudança e uma fonte de inspiração para a comunidade.
O PRS - Cerrado tem o compromisso de apoiar o trabalho destas mulheres que, diariamente, transformam o meio rural. Determinadas e sempre dispostas a aprender novos métodos e tecnologias, a participação ativa de mulheres na produção rural tem sido crucial para a construção de um modelo de desenvolvimento mais sustentável e inclusivo no Cerrado. Venha conhecer um pouco da história de duas delas!
Maria Sebastiana: cultivar como uma forma de liberdade
Maria Sebastiana Martins Sobral tem 58 anos e mora próximo a Cristalina (GO), no assentamento Manacá. Ela vive na roça desde que nasceu e, depois de anos trabalhando no garimpo, resolveu se tornar uma produtora rural. Hoje, Dona Maria Sebastiana trabalha com hortaliças, fazendo a venda na feira e entrega de merenda escolar no Instituto Rede Terra, além de cuidar da produção de leite e da lavoura em sua propriedade.
A partir de sua atuação no campo, Maria Sebastiana conseguiu realizar diversos sonhos. “Quando resolvi ser produtora, eu tinha um sonho. E era um sonho que, às vezes, eu pensava que era difícil, só que Deus realizou esse sonho na minha vida. Era ter uma terra”, compartilha.
Depois da conquista da sua terra em 2010, onde ela passou a conseguir o sustento da família, Dona Maria Sebastiana também conquistou um gado, um trator, e o mais recente: uma carretinha para fazer a comida do gado.
Maria, como ser mulher influencia na sua profissão como produtora? Você sente que a produção no campo apoia sua segurança financeira e te promove autonomia?
No campo, às vezes a gente passa por muita luta, mas com segurança e bondade a gente consegue resolver. Se a gente trabalha no campo pra gente mesmo, ser autônoma, é uma coisa muito boa. A mulher, ela tem que ser uma pessoa disposta para poder resolver os problemas do campo.
E como a sua relação com o meio ambiente influencia na sua forma de produzir sustentavelmente?
Para trabalhar no campo a gente tem que respeitar as leis. As leis que a gente respeita é não matar os bichos, trabalhar com honestidade, respeitar a reserva… A gente tem a produção dentro da área coberta, que é estufa, tem também uma produção fora, mas a gente sempre está se corrigindo para não ultrapassar fora do limite com o meio ambiente. E é muito bom trabalhar no campo. Eu como mulher, eu me dedico ao meu trabalho e sou muito feliz com ele e com a minha família, meu esposo, plantando, colhendo e vendendo.
Na sua visão, qual a importância das mulheres ocuparem esse espaço produtivo no campo?
A minha visão sobre a mulher é que, antigamente, ela não tinha espaço, os espaços eram dos maridos. Hoje a mulher é independente. Ela tem liberdade, ela pode produzir. Hoje, a maior parte das mulheres que moram no campo, são elas quem tratam do gado, elas são quem tiram o leite, elas são quem fazem os queijos. A mulher não tem mais de ficar só cuidando da casa. Eu gosto dessa liberdade no campo.
Como o Projeto Rural Sustentável - Cerrado vem impactando sua vida?
O Projeto Rural Sustentável é uma coisa que me fez muito bem. Eu aprendi a trabalhar, aprendi a conviver com os demais companheiros [de profissão]. Com o projeto, também recebi assistência técnica, que me ensinou muito. A equipe sempre me orienta e ajuda, então eu torço para que esse projeto vá mais para frente, porque ele é muito bom mesmo. A gente precisa aprender mais com ele.








Marilene Facchi: sonhos alcançados com o trabalho rural
“Eu comecei a trabalhar no orgânico por opção, porque é um produto mais saudável e atende melhor o consumidor — um produto melhor para a mesa do consumidor”, conta Marilene Ferronato Facchi, de 65 anos. Moradora do Assentamento Três Barras, em Cristalina (GO), Marilene é produtora de hortaliças orgânicas e vende sua produção no município, na feira das Centrais de Abastecimento do Distrito Federal (CEASA), e pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) local, em parceria com a Cooperativa Rede Terra.
Ao longo de sua história, o campo a ajudou a alcançar muitos objetivos. “Construí minha casa, comprei meu caminhão de trabalho e a minha irrigação, que já está bem grande, e minha horta continua aumentando. Já concluí muitos sonhos e pretendo concluir mais ainda!”, compartilha.
Produtora há 34 anos, Marilene foi criada na zona rural. Atualmente, toda sua família trabalha com produtos orgânicos.
Marilene, como ser mulher influencia na sua profissão como produtora? Você sente que a produção no campo apoia sua segurança financeira e te promove autonomia?
A mulher hoje se destaca no campo. Hoje, a mulher luta [e trabalha] muito mais na horticultura do que o homem. Mas o trabalho da mulher no campo ainda não é reconhecido como deveria ser. Ainda se destaca muito a figura masculina. E isso a gente está querendo mudar!
E como a sua relação com o meio ambiente influencia na sua forma de produzir sustentavelmente?
Aqui, a gente respeita o meio ambiente. A gente tem o terreno todo aceirado, plantamos com o Sistema Agroecológico, que volta ao meio ambiente. Temos as [abelhas] mamangavas que fazem a polinização do maracujá, não tem mais a necessidade de fazer manual, e as aves fazem ninho na porta da casa. Temos muitas aves, muita variedade.
Na sua visão, qual a importância das mulheres ocuparem os espaços produtivos?
Eu acho importante porque, para mim, como mulher, eu acho o trabalho de campo melhor do que o trabalho de dentro de casa. Como antigamente, as mulheres eram do lar, não é? Hoje prefiro trabalhar no campo ao invés de trabalhar dentro da minha casa. Eu acho que é muito importante a mulher desenvolver o trabalho de campo.
Como o Projeto vem impactando sua vida?
O Projeto, a princípio, me ajudou no custo da casa, porque me deu uma motivação para eu terminar minha cozinha. E ele me ajudou no geral. Eu tive muito conhecimento, muito apoio. Em um Dia de Campo, eu trouxe muitas pessoas aqui também, teve muita troca de conhecimento, experiências e ideias com as pessoas. E está sendo muito bom. Eu queria só que continuasse, que tivesse mais investimento para nós.








Projeto Rural Sustentável - Amazônia (2022-presente)
Mulher é resistência, é coragem, é força da natureza na Amazônia. Juntas, elas são e estão presentes em diferentes espaços do bioma para fortalecer a diversidade de ideias e abrir novos caminhos para o protagonismo feminino – seja na universidade, no campo, em papéis de liderança ou onde mais desejarem estar –, rumo a construção de um futuro mais inclusivo e que seja sustentável para todos e todas.
Um dos compromissos do Projeto Rural Sustentável - Amazônia (PRS - Amazônia) é justamente fortalecer a mulher amazônica por meio de suas frentes de atuação. No Projeto, elas estão presentes no Mestrado Profissional, no campo, na liderança de Organizações Socioprodutivas (OSPs) e na equipe do Projeto, formando essa grande rede em prol da sustentabilidade. Vem conhecer duas dessas histórias!
Marta Suely: aprendizados e sonhos que empoderam mulheres
Esta também é uma história de encanto, sonhos e construção de rede para fortalecer mulheres. Marta Suely, de 48 anos, mora no município de Brasil Novo (PA) e é coordenadora do setor de formação da Fundação Viver, Produzir e Preservar (FVPP), uma das OSPs parceiras do Projeto. Junto ao seu esposo, fundou a Cooperativa de Orgânicos do Xingu, atuando na produção do cacau orgânico, mas sua história com esse fruto começou quando adolescente, uma forma de complementar a renda da família. O amor pela terra cresceu, frutificou e, hoje, ela apoia a autonomia de outras mulheres do campo.
Marta é uma das estudantes do Mestrado Profissional, parte do Programa de Capacitação do PRS - Amazônia. “Participar do mestrado é a realização de um sonho”, inicia. “Isso é uma coisa que todas as pessoas que convivem comigo sabem. Para os mais próximos de mim, eu dizia: ‘Olha, eu quero fazer um mestrado, mas precisa ser na área que eu gosto!’”, conta a extrativista.
Marta, há quanto tempo você trabalha na produção do cacau?
A minha história com o cacau começou quando eu tinha aproximadamente doze, treze anos, quando a minha família decidiu plantar cacau para poder cultivar aqui na chácara, onde a minha mãe vive até os dias atuais [...]. O meu foco principal é produzir cacau para que eu possa ter uma amêndoa saudável, orgânica, livre de veneno e, a partir daí, beneficiar e produzir nibs para o mercado. Hoje, o meu foco principal na formação da qualificação profissional é criar possibilidades de autonomia para atuar nas atividades do campo.
Na sua visão, qual a importância das mulheres produtoras ocuparem espaços na universidade, especialmente no mestrado?
Ocupar um espaço na academia sendo produtora rural é um desafio. Poder participar do mestrado hoje — principalmente dentro das linhas de atuação com o cacau —, para mim é muito importante, porque isso cria possibilidades de profissionalizar a atividade da lavoura cacaueira sob o olhar feminino. Então, é muito importante porque eu, por exemplo, ao longo da minha vida, não busquei a universidade. A formação, a qualificação profissional, foi única e exclusivamente com foco em um emprego.
Como o PRS - Amazônia vem impactando sua vida? Qual a importância do Mestrado Profissional para você?
Quando eu soube que o Mestrado Profissional viria atender o público da Fundação Viver, Produzir e Preservar (FVPP) e que eu poderia, como parte desse público, participar de um processo seletivo e fazer minha qualificação profissional, isso transformou minha vida. Eu estou conhecendo lugares diferentes, tendo experiências fantásticas. Visitamos lugares em Rondônia, para conhecer a cadeia de peixes redondos, e no Pará — em Belém, onde visitamos a Ilha do Combu. Então, isso transforma a vida da gente, cria uma nova possibilidade de visão do mundo, agrega na formação pessoal e, principalmente, na minha qualidade de vida. Eu só tenho que agradecer pela oportunidade de estar perto de todas essas pessoas, desses professores e das possibilidades que têm sido apresentadas para que a gente possa fazer as melhores escolhas daqui para frente.




Silvia Maia: quando mulheres assumem papéis de liderança
Uma das lideranças comunitárias no município paraense de Beja (PA), Silvia Maia é fundadora e presidente da Associação Multissetorial dos Empreendedores de Beja (AMSETEB) — OSP parceira do Projeto. Por conhecer de perto a comunidade da qual faz parte, Silvia percebeu a necessidade de buscar novas formas de fortalecer as atividades produtivas no território, a fim de aumentar a renda e a qualidade de vida local.
“O açaí é uma das culturas que mais demanda em nossa região. Os agricultores e os ribeirinhos, principalmente, são quem detém esta cultura como extrativismo, e necessitam de apoio, de melhorias para desenvolverem-se como atividade produtiva e rentável”, contextualiza. A liderança conta que é uma jornada desafiadora, mas os resultados têm reverberado positivamente em diversos cantos do município, especialmente após a parceria com o PRS - Amazônia.
Como é o seu trabalho na Associação Multissetorial dos Empreendedores de Beja (AMSETEB)?
Como fundadora e presidente na AMSETEB, tenho uma rotina agitada, mas que, no fim, vale a pena. Eu participo de reuniões, junto a órgãos [e instituições]; busco parcerias; direciono emissão de documentos pertinentes para os associados, como o Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF), o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e atualização dos próprios documentos pessoais dos associados. Incentivo o empreendedorismo rural, assim como formações profissionais para os jovens e a inclusão no meio digital — direcionado às pessoas da melhor idade [mais velhas], para que aprendam e se desenvolvam com as ferramentas digitais, e, ao mesmo tempo, saibam como evitar problemas com fraudes (golpes). Incentivo grupos culturais e de artesanato da região e envolvo-me também — e em parcerias com uma rede de outros líderes comunitários —, em lutas sobre questões relacionadas a crimes ambientais.
Como é a sua história de trabalho com a cadeia do açaí?
O açaí é uma das culturas que mais demanda em nossa região. Os agricultores e os ribeirinhos, principalmente, são quem detém esta cultura como extrativismo, e necessitam de apoio, de melhorias para desenvolverem-se como atividade produtiva e rentável. Enquanto líder da comunidade, em visitas nas propriedades, percebi a carência de apoio, o quanto necessitam melhorar para buscar o seu próprio desenvolvimento. Tenho muito o costume de visitá-los e, com isso, percebo que as pessoas são sedentas por informação, as quais nem sempre tenho capacidade de oferecer — e o PRS — Amazônia vem suprir nesta parte.
Na sua opinião, qual a importância da mulher no campo? Como isso contribui para um futuro mais sustentável?
A mulher possui visão, visão de futuro. E, também, uma coisa chamada sexto sentido — diria que intuição — de quando as coisas podem dar certo. As mulheres são certeiras quando olham para o horizonte e conseguem ver o que pode dar certo, refiro-me também a um olhar para sua propriedade. As mulheres são mais atenciosas e atentas. E, quando se trata de futuro e boas práticas para contribuir para o melhor, como a sustentabilidade, elas são mais disciplinadas e propensas a aderir a algo que as beneficie e valorize seus territórios, suas ações e seu desenvolvimento.
Como tem sido essa parceria com o Projeto Rural Sustentável - Amazônia?
O PRS - Amazônia tem proporcionado uma visão de crescimento, desenvolvimento organizacional e o compromisso enquanto entidade. Tem trazido, de certa forma, um norte para um passo mais adiante, mais evoluído, enquanto instituição. Acredito que tem ampliado a visão dos associados participantes sobre o que significa estar inserido em uma instituição associativista, no intuito de permanecer unido e participativo, para, assim, saber conhecer e saber falar sobre a instituição a qual estão envolvidos. Acredito que as expectativas foram mudando no decorrer da realização do projeto e que os associados esperam, sim, que coisas boas e melhorias aconteçam em seu desenvolvimento, pois têm acreditado, têm se envolvido. Até os que não participam tanto, mas sabem, confiam, que vai dar certo, no sentido de: “estou aqui porque vem coisa boa pra nós”.
Gostou desta matéria? Venha conhecer mais sobre os Projetos inseridos no Programa Rural Sustentável!
- Retrospectiva 2024: Programa consolida atuação por um campo mais sustentável
- Recuperação de áreas degradadas é uma das preocupações do Programa Rural Sustentável
- Programa Rural Sustentável promove recuperação de áreas degradadas em biomas brasileiros
3ª Edição do Mestrado Profissional realiza aulas presenciais em Mato Grosso
Entre os dias 02 a 06 de dezembro, os(as) 21 estudantes da 3ª Edição do Mestrado Profissional desembarcaram em Rondonópolis (MT) para a quarta e última semana de aulas presenciais. O Mestrado é uma ação promovida pelo Projeto Rural Sustentável - Cerrado em parceria com a Universidade Federal de Lavras (UFLA) com o objetivo de capacitar, qualificar e aperfeiçoar profissionais em práticas produtivas sustentáveis, gestão da propriedade e em tecnologias e inovação para o campo.
A turma, composta por estudantes dos quatro estados de atuação do Projeto – Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – foi acompanhada pela Gerente do Mestrado do PRS – Cerrado, Raquel Caribé. O professor Thiago Assis, do Programa de pós-graduação em Desenvolvimento Sustentável e Extensão da UFLA (PPGDE/UFLA) esteve presente para ministrar a disciplina oferecida nesta semana.
Além das aulas teóricas, os estudantes também tiveram a oportunidade de visitar uma cooperativa de produtores e produtoras rurais que atuam com agricultura familiar. As mulheres da cooperativa, além de atuarem com a produção rural, possuem uma associação para produção de biojóias a partir do látex da seringueira. A visita aconteceu em um Dia de Campo na Cooperativa de Seringueiros de Ouro Branco (Coopsob), onde foram recebidos com as palestras do Sr. Rubens Ribeiro, presidente da cooperativa, e da Srta. Cristiane Silva Reis, cooperada e presidente da Associação Flores da Seringueira. Ambos palestrantes têm suas propriedades como Unidades Demonstrativas (UDs) do projeto, com sistemas de integração.
“Nesse dia pudemos conhecer como foi a trajetória destas mulheres em sua organização e na confecção de seus produtos, bem como conhecer a história da cooperativa, seus desafios e sua trajetória. A visita de campo complementou de forma prática as aulas teóricas, que aconteceram na Universidade Federal de Rondonópolis, enriquecendo as discussões sobre o cenário da produção rural frente aos desafios das mudanças climáticas e da sustentabilidade, e sobre o protagonismo das mulheres do campo. Com esta semana, concluímos os quatro encontros presenciais desta edição do Mestrado”, destaca a Gerente do Mestrado Profissional do PRS - Cerrado, Raquel Caribé.










Um ano de aprendizados
Atualmente em sua 3ª edição, o Mestrado Profissional em Mudanças Climáticas e Agropecuária de Baixa Emissão de Carbono do PRS – Cerrado promoveu, ao longo de 2024, quatro semanas presenciais que buscaram aplicar na prática o conteúdo do Mestrado, além de promover a integração e troca de conhecimento. As semanas aconteceram nos quatro estados de atuação do Projeto – Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso.
Entre as temáticas ensinadas no Mestrado estão a mitigação da emissão de gases de efeito estufa (GEE), práticas integradas e sustentáveis de produção, sistemas de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), Recuperação de Pastagens Degradadas (RPD), entre outras.
Polos presenciais do EaD Introdutório levam educação e sustentabilidade ao campo
No dia 9 de novembro, no município de Uberlândia (MG), o Programa de Capacitação do Projeto Rural Sustentável - Cerrado deu início a mais uma ação: os Polos Presenciais de EaD Introdutório para Produtores(as) Rurais. A proposta é tornar o conteúdo dos cursos de Educação a Distância mais acessível aos produtores(as) rurais e democratizar o conhecimento. As atividades acontecerão nas 13 microrregiões dos quatro estados atendidos pelo Projeto – Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais – durante os meses de novembro e dezembro.
“Os polos presenciais trazem uma metodologia adaptada à realidade de cada grupo e, com isso, asseguramos um aprendizado mútuo. As videoaulas norteiam a roda de conversa e juntos e juntas seguimos um caminho mais inclusivo e sustentável”, destaca a Gerente do EaD do PRS - Cerrado, Sandra Roberta.








Educação e sustentabilidade, uma parceria PRS - Cerrado com Canal Futura
O curso de EaD do PRS - Cerrado em Mudanças Climáticas e Desenvolvimento Rural Sustentável no Cerrado é realizado em parceria com o Canal Futura da Fundação Roberto Marinho. Com a carga horária de 20 horas, que pode ser distribuída ao longo de 30 dias, o curso traz três módulos e um total de nove aulas, compostas por: apostilas, videoaulas, pílulas do conhecimento, exercícios de avaliação, além do material complementar de apoio.
Além dos produtores(as) rurais beneficiários(as) do PRS - Cerrado, o EaD Introdutório é aberto para todos os públicos de forma online e gratuita. O curso é feito via Moodle, plataforma de aprendizagem virtual. Para se inscrever, basta entrar no site do Programa de Capacitação, clicar na aba “login” que aparece na parte superior direita da tela, e preencher as informações do cadastro.
Deseja aprender mais sobre as Mudanças Climáticas e o Desenvolvimento Rural Sustentável no Cerrado? Acesse o site e faça a sua inscrição agora mesmo!
Novos ATECs são capacitados com os Cursos Presenciais do PRS - Cerrado
O Projeto Rural Sustentável - Cerrado realizou, entre os dias 06 e 08 de novembro, as atividades restantes da primeira rodada de Cursos Presenciais, iniciada em 2023. Os cursos fazem parte da Jornada de Aprendizagem para os Agentes de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATECs) dentro do Programa de Capacitação do Projeto. Desta vez, 24 ATECs se reuniram em Campo Grande (MS) para dois dias de palestras com especialistas, estudo de caso, a partir da metodologia PBL - Aprendizagem Baseada em Problema, e um Dia de Campo no Sítio Primavesi.
A primeira rodada dos Cursos Presenciais teve início em agosto de 2023 e foi composta por oficinas em todos os estados de atuação do projeto – Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Neste ano, foi necessário realizar mais esta etapa dos Cursos Presenciais para concluir a formação dos ATECs que ainda não haviam completado a etapa anterior ao curso na Jornada de Aprendizagem.












Entenda a Jornada de Aprendizagem
A Jornada de Aprendizagem do Programa de Capacitação do PRS - Cerrado é realizada no método da sala de aula invertida: ela é iniciada pela parte teórica, desenvolvida nos cursos de Ensino a Distância – EaD Introdutório e EaD Avançado, e finalizada na parte prática com os Cursos Presenciais.
Por meio dessa Jornada, os Agentes de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATECs) são capacitados e treinados em suas capacidades analíticas e habilidades, podendo aperfeiçoar seus conhecimentos e melhor atender às especificidades do Projeto e dos(as) produtores(as) rurais.
E os Cursos Presenciais?
Os Cursos Presenciais são a última parte da Jornada de Aprendizagem, após os ATECs terem finalizado todas as etapas teóricas.
Por meio de dinâmicas de integração, estudo de caso e oficinas práticas, os Cursos Presenciais têm o objetivo de criar um espaço de troca de conhecimentos e tira-dúvidas sobre as atividades de assistência técnica e extensão rural realizadas dentro do Projeto Rural Sustentável - Cerrado. Além disso, os cursos são uma oportunidade de aprofundar conhecimentos e experiências sobre as tecnologias de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e Recuperação de Pastagens Degradadas (RPD) com a presença de especialistas e uma vivência prática em propriedades rurais que já aplicam estas tecnologias.
Goiás recebe aulas presenciais da 3ª Edição do Mestrado Profissional
Entre os dias 28 de outubro e 1º de novembro, o Projeto Rural Sustentável – Cerrado promoveu a terceira semana de aulas presenciais da 3ª Edição do Mestrado Profissional, em parceria com a Universidade Federal de Lavras (UFLA). Estiveram presentes em Catalão (GO) 21 estudantes dos quatro estados de atuação do projeto – Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A turma foi acompanhada pela Gerente do Mestrado do PRS - Cerrado, Raquel Caribé. A disciplina foi ministrada pelos Professores Márcio Ladeira e Erick Batista, da UFLA, que estiveram no encontro presencial. A equipe de Campo do Projeto, coordenada por Josyany Duarte e os monitores Rafaela e Pablo, também apoiaram toda a atividade durante a semana.
Além das aulas teóricas em Catalão, a turma foi a Ipameri e Urutaí para dois Dias de Campo, nas fazendas Santa Brígida e Morro do Peão, onde puderam conhecer algumas das temáticas trabalhadas em sala de aula na prática.
A primeira semana presencial da 3ª Edição do Mestrado Profissional aconteceu na UFLA, em Lavras (MG), durante o mês de maio. Já em agosto, foi a vez de Campo Grande (MS) receber os(as) estudantes para a segunda semana presencial.
Sobre o Mestrado Profissional
Atualmente em sua 3ª edição, o Mestrado Profissional em Mudanças Climáticas e Agropecuária de Baixa Emissão de Carbono do PRS – Cerrado é uma parceria com a Universidade Federal de Lavras (UFLA) e uma das ações do Programa de Capacitação do projeto. O objetivo é capacitar, qualificar e aperfeiçoar profissionais em práticas produtivas sustentáveis, gestão da propriedade e em tecnologias e inovação para o campo.
Entre as temáticas ensinadas no Mestrado estão a mitigação da emissão de gases de efeito estufa (GEE), práticas integradas e sustentáveis de produção, sistemas de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), Recuperação de Pastagens Degradadas (RPD), entre outras.
Recentemente, os alunos da 1ª Edição, realizada em 2022, puderam apresentar as suas dissertações em um evento em Brasília (DF).
Confira: Seminário traz importância da pesquisa e capacitação para a agropecuária sustentável
Futuro Sustentável: o que dizem os especialistas sobre as mudanças climáticas?
O Brasil possui uma situação muito peculiar do ponto de vista de emissões de gases de efeito estufa, onde 52% das nossas emissões estão associadas ao desmatamento de florestas tropicais, no caso a Amazônia, e cerca de 30% das emissões associadas à produção de alimento, como é o caso do Cerrado. É o que afirma Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo em entrevista para o Projeto Rural Sustentável - Cerrado.
Essas emissões podem ser de metano com relação à pecuária, ou emissões de dióxido de carbono por um uso inadequado do solo na produtividade agrícola. A qualidade do solo e a produtividade agrícola dependem de um ambiente saudável e equilibrado, o que é possível ao manter o carbono no solo, alimentando bactérias que fixam o nitrogênio nas plantas.
Ainda segundo o professor Paulo Artaxo, “investir em larga escala em restauração florestal é um dos caminhos que o Brasil tem que seguir se quisermos ter, nas próximas décadas, a mesma produção de alimentos que temos hoje”. Essa é uma ação importante que deve estar presente na realidade brasileira e ela já é uma das ações objetivas do PRS - Cerrado, que visa mitigar as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e aumentar a renda de pequenos(as) e médios(as) produtores(as) no bioma Cerrado, promovendo a adoção de tecnologias produtivas de baixa emissão de carbono, como a Recuperação de Pastagens Degradadas (RPD) e a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).
https://www.youtube.com/watch?v=S62gq-tl8lM&list=PLb97GwY49gU_oyfl7Hi-Fe2b-7WZhsrAQ&index=1&pp=iAQB
Para o climatologista Carlos Nobre, “se você pratica uma agricultura regenerativa, utiliza os sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, você torna a agricultura muito mais resiliente com relação aos extremos climáticos que já estão acontecendo. Você aumenta muito a qualidade da agricultura e a resiliência, tornando a atividade também mais econômica”.
E o desafio de fazer essa transformação para uma agricultura e agropecuária sustentável é completamente possível de ser superado pelo Brasil, segundo o especialista. Em 2015, o Brasil assinou o Acordo de Paris tendo como meta a redução de suas emissões de gases do efeito estufa em até 43% até 2030. O tratado internacional abrange mitigação, adaptação e financiamento à mitigação das mudanças climáticas.
“O Brasil é um dos poucos países no mundo de grande emissão – nós somos os quintos maiores emissores – que pode ser o primeiro a atingir essa meta de emissão líquida zero em todos os biomas brasileiros”, destaca o climatologista.
https://www.youtube.com/watch?v=4riSPFLnFXA&list=PLb97GwY49gU_oyfl7Hi-Fe2b-7WZhsrAQ&index=2
Quando falamos especificamente do Cerrado, é importante lembrar do papel fundamental deste bioma na proteção dos recursos hídricos brasileiros. O Cerrado é um bioma com características particulares, de grande biodiversidade e cultura associadas a esses recursos naturais. Quando se junta tudo isso, é preciso saber os prejuízos ambientais e culturais que o desmatamento pode causar. Quem faz esse alerta é a ministra de Estado do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, Marina Silva, também em entrevista para o PRS - Cerrado.
“Quando nós conseguimos reduzir o desmatamento, a gente consegue, de forma incrível, reduzir as emissões de CO2 [...] e o Brasil está comprometido a fazer isso evitando os efeitos indesejáveis dessa mudança, criando um novo ciclo de prosperidade que possa combater as desigualdades e melhorar a vida das pessoas, mas com sustentabilidade. Pensar na justiça climática é pensar não só em mudar a maneira de fazer, é pensar na nossa maneira de ser”, ressalta a ministra.
Para isso, é fundamental que se tenha uma economia diversificada, e a diversificação passa pelas atividades agrícolas, que devem aumentar a produção por ganho de produtividade com as inovações que já estão comprovadas, como também é o caso dos Sistemas Agroflorestais (SAFs), por exemplo.
https://www.youtube.com/watch?v=NQoWTvwW8mM&list=PLb97GwY49gU_oyfl7Hi-Fe2b-7WZhsrAQ&index=3
Em torno das consequências das mudanças climáticas para as minorias, a coordenadora de Justiças Climáticas do Ministério dos Povos Indígenas, Suliete Baré, também faz o seu alerta: “Quando se destrói o meio ambiente para construção de grandes empreendimentos, você está diretamente e indiretamente atingindo as minorias, nesse caso, os povos indígenas, que também sofrem as consequências dos desastres ambientais.”
Segundo Suliete, as atividades humanas estão interferindo de forma negativa na questão climática e o mundo inteiro precisa estar mais atento para mudar isso.
“Não tem como falar de mudanças climáticas e do enfrentamento à crise climática sem falar da proteção das terras indígenas e dos saberes tradicionais dos povos indígenas, que vêm há séculos cuidando e protegendo as florestas [...] povos indígenas, inclusive, que não estão presentes somente na região amazônica, mas em outros biomas também”, lembra a especialista.
https://www.youtube.com/watch?v=t2NmvQP5k1Y&list=PLb97GwY49gU_oyfl7Hi-Fe2b-7WZhsrAQ&index=4
Para falar de sustentabilidade, a primeira coisa que deve ser estabelecida são quais os objetivos que serão aplicados em cada propriedade para torná-la sustentável. Um desses grandes marcos de objetivos é a Agenda 2030 da ONU, que fala sobre os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), metas a serem atingidas até 2030 para um mundo melhor para todos os povos e nações.
Carlos Gregório, professor de Agricultura Sustentável da Universidade Politécnica de Madri, na Espanha, indica os primeiros passos para aplicar tais objetivos na atividade agrária: “A primeira coisa que precisamos olhar são os quatro grandes atributos da sustentabilidade – econômica, social, ambiental e de governança. Esses quatro atributos têm a mesma importância e irão definir a sustentabilidade de uma propriedade.”
A sustentabilidade econômica foca na geração e distribuição de uma renda mais justa, utilizando meios que preservem os recursos naturais. O lado social se liga ao conjunto de ações que visam melhorar a qualidade de vida das pessoas através da diminuição da desigualdade social e a garantia de acesso a serviços básicos como saúde e educação, por exemplo. No ambiental, está o respeito à biodiversidade e o uso consciente dos recursos naturais, de modo que eles não se esgotem para as próximas gerações. E, por fim, o atributo da governança foca no fortalecimento das governanças locais e no comprometimento das mesmas para que sigam as normas ambientais e se organizem adequadamente em todas as questões sustentáveis.
https://www.youtube.com/watch?v=VpIqEdsfBpY&list=PLb97GwY49gU_oyfl7Hi-Fe2b-7WZhsrAQ&index=5
Da década de 70 para os dias atuais, o Brasil saiu de uma situação de insegurança alimentar e fez a grande mudança que hoje é chamada de agricultura adaptativa, ou regenerativa. Hoje, o país é o maior exportador de alimentos do mundo, uma vantagem competitiva muito grande ao considerar território, recursos naturais e a competência para produzir com sustentabilidade.
Quem pontua essa informação é Renata Miranda, Ex-secretária de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). Segundo ela, os desafios sociais existem e o Brasil ainda tem algumas escalas econômicas para subir, mas é importante que possamos compreender o potencial do país em questão de agropecuária sustentável.
“E quando falamos de Cerrado, o bioma tem um significado muito forte no desenvolvimento do país. O Cerrado não tem só um valor histórico, mas tem também um componente importante nessa produtividade que nos orgulha tanto. [...] Aquele produtor que não reconhece que é preciso preservar para produzir está corrompendo o sucesso futuro dele e das gerações que virão depois dele”, destaca Renata Miranda.
https://www.youtube.com/watch?v=1U5l5cVIQVk&list=PLb97GwY49gU_oyfl7Hi-Fe2b-7WZhsrAQ&index=6
Com atuação em quatro estados brasileiros – Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais – e em mais de 100 municípios, o PRS - Cerrado tem como diretrizes melhorar a renda e a qualidade de vida de pequenos produtores e produtoras rurais; garantir acesso à assistência técnica, à capacitação e ao crédito; fortalecer organizações socioprodutivas; investir em pesquisas sobre agropecuária sustentável; e disseminar a implantação de tecnologias de baixa emissão de carbono. Entre suas frentes de atuação, está o Programa de Capacitação, com atividades formativas para atender os diferentes públicos do projeto. São diversas atividades: Dias de Campo; cursos de Educação à Distância (EaD), em parceria com o Canal Futura; Mestrado Profissional, em conjunto com a Universidade Federal de Lavras (UFLA); Cursos Presenciais; e ações de empoderamento social.
O projeto é resultado de uma Cooperação Técnica aprovada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com recursos do Financiamento Internacional do Clima do Governo do Reino Unido, tendo o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) como beneficiário institucional, o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS) como responsável pela sua execução e administração. A Embrapa é a responsável pela coordenação científica e a Associação Rede ILPF pelo apoio técnico.
PRS - Cerrado dá início à entrega dos Benefícios Coletivos
O Projeto Rural Sustentável – Cerrado começou a realizar as entregas dos Benefícios Coletivos (BCs) às Organizações Socioprodutivas (OSPs) e aos produtores e produtoras associados(as) à cada uma delas. Disponibilizados por meio da aquisição de bens e serviços não reembolsáveis, esses benefícios são considerados investimentos que ajudam a fortalecer tanto as cadeias de valor da agricultura e pecuária de baixa emissão de carbono, quanto o papel das OSPs na produção e comercialização, gerando renda e fortalecendo as associações, sindicatos e cooperativas rurais.
Para definir quais benefícios são considerados elegíveis, o PRS - Cerrado classificou aqueles que são de uso comum e que tragam ganhos diretos e indiretos para o grupo vinculado à cada Organização Socioprodutiva. Também são considerados eletivos bens e serviços que apoiem o fortalecimento da organização e possibilitem o suporte técnico, gerencial e informacional com potencial de renda aos(às) produtores(as). Além disso, é importante que os benefícios atendam o maior número possível de beneficiários(as) e apresentem a maior eficiência no uso dos recursos financeiros disponibilizados.
Mas como chegamos até aqui?
A jornada que nos trouxe até aqui começou em 2019 com a divulgação do Projeto Rural Sustentável - Cerrado em seus quatro estados de atuação: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Com isso, as Organizações Socioprodutivas (OSPs) que tinham interesse em implementar práticas produtivas sustentáveis e da agropecuária de baixa emissão de carbono foram convidadas a se cadastrarem de forma voluntária no Projeto.
Após a seleção das OSPs parceiras, foi preciso passar pela etapa de construção dos Planos de Negócios (PNs), que visavam ampliar e fortalecer o papel e as competências da OSP, permitindo maiores condições de sustentabilidade organizacional e de promoção e apoio para o coletivo de produtores(as) rurais vinculados(as) à organização – as Unidades Multiplicadoras (UMs). Esses planos foram compostos por um Plano de Ação e um Plano de Investimento para destinação dos Benefícios Coletivos previstos.
Para a construção dos PNs foram contratadas instituições especializadas em Planos de Negócios e atuação com pequenos e médios produtores(as) organizados. Em campo, as instituições fizeram o levantamento de informações, demandas e desafios para compor o diagnóstico institucional e das atividades socioprodutivas de cada OSP e, a partir disso, foram realizadas oficinas para a construção dos PNs, que passaram por avaliação e sugestões de especialistas até chegar na versão final. Todo esse processo foi técnico-participativo, ou seja, contou com a participação de representantes das OSPs para que também pudessem expor seus próprios pontos de vista.
Por fim, foi dado início ao processo de aquisição dos Benefícios Coletivos (BCs). A partir do Plano de Investimento construído de forma técnico-participativa e validado com as OSPs e seus representantes, os recursos são disponibilizados mediante aquisições de bens e contratações de serviços e, finalmente, entregues diretamente às OSPs.
“A entrega dos Benefícios Coletivos também é emocionante para a equipe do projeto e é um marco na jornada do PRS - Cerrado, resultado da construção participativa dos Planos de Negócios para cada uma das 40 OSPs que participam do projeto. Os Benefícios Coletivos são meios de viabilizar os sonhos de trabalho e renda das OSPs e impulsionar práticas sustentáveis no Cerrado, o que demonstra o potencial transformador do PRS - Cerrado e nos faz sentir parte de algo muito maior”, destaca o Coordenador de Finanças Verdes do Projeto, Paulo Camuri.
Alguns exemplos de Benefícios Coletivos (BCs) são: construção civil para melhoria em infraestruturas de uso coletivo e com fins agroindustriais; infraestrutura de produtos; maquinários agrícolas; caminhões e veículos utilizados em atividades produtivas e de suporte objeto do projeto; infraestrutura, equipamentos de apoio e de informática, comunicação e softwares necessários à estruturação de gestão da OSP; entre outros.