Prazo prorrogado: inscrições para contratação de serviços de ATER vão até 18/7
O Projeto Rural Sustentável – Cerrado prorrogou o prazo de envio das documentações para o novo edital de contratação de serviços técnicos especializados em Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER). Agora, as instituições interessadas têm até o dia 18 de julho para participar.
O objetivo da contratação envolve a realização de ações de assistência técnica e extensão rural com foco no desenvolvimento de práticas agropecuárias sustentáveis e principalmente na implantação de uma ou mais tecnologias de baixa emissão de carbono apoiadas pelo projeto – sistemas integrados de lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e a recuperação de pastagens degradadas (RPD).
As atividades consistem em visitas técnicas presenciais e atendimentos remotos individualizados aos novos produtores e produtoras rurais selecionados pelo projeto, além de atividades integrativas e coletivas, em formato de ATER Coletiva.
Condições de participação
Este processo seletivo é exclusivamente direcionado para as instituições pré-qualificadas na 1ª e 2ª Chamada para Pré-qualificação de Instituições de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) do Projeto Rural Sustentável – Cerrado e que já estejam executando a atividade de ATER nas Unidades Multiplicadoras (UMs) do projeto.
Os(As) técnicos(as) deverão ter formação técnica e/ou superior na área das ciências agrárias e/ou áreas afins, com os respectivos registros profissionais devidamente regularizados nos conselhos competentes (CREA, CRMV e afins).
Leia o edital completo e verifique as documentações necessárias para realizar a sua inscrição!
PRS - Cerrado lança o Programa Futuro Sustentável em parceria com o Canal Futura
Com o objetivo de levar cada vez mais conhecimento aos produtores e produtoras rurais, o PRS - Cerrado está lançando o “Programa Futuro Sustentável: o que dizem os especialistas”, em parceria com o Canal Futura, da Fundação Roberto Marinho. Ao todo, são três episódios disponíveis on-line e que trazem temas variados dentro da realidade rural, sendo eles: Regularização Ambiental (CAR), Crédito Rural e Incentivos, e Certificações.
Na presença de especialistas, as temáticas são abordadas de forma acessível em rodas de conversas, visando se comunicar diretamente com o público rural em busca de uma produção mais sustentável, inclusiva e eficiente. A mediação dos episódios foi feita pela apresentadora Karen Souza.
Regularização Ambiental, o CAR
O primeiro passo para a regularização ambiental de uma propriedade é o Cadastro Ambiental Rural, o CAR, que permite o(a) produtor(a) rural padronizar dados ambientais de seu imóvel rural, facilitando o planejamento ambiental e econômico, podendo se beneficiar de políticas públicas. E é exatamente esse o primeiro assunto que dá início à roda de conversas do Programa Futuro Sustentável.
Participaram do momento o Diretor de Regularização Ambiental Rural do Serviço Florestal Brasilero, Marcus Vinícius Alves, a Analista Ambiental do Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais, Janaína Mendonça Pereira, e a Coordenadora Operacional do Projeto Rural Sustentável - Cerrado, Kamila Rocha.
“O CAR é um cadastro que busca apresentar a expressão da propriedade ou da posse rural nos termos do código florestal e esse cadastro vai servir como insumo para uma análise de conformidade ambiental. Ou seja, essas informações vão permitir o Estado brasileiro analisar se a propriedade está em conformidade com as áreas protegidas pelo código florestal e, se não for o caso, quais são as medidas que precisarão ser adotadas pelo proprietário para que o código florestal venha a ser atendido”, explica o Diretor de Regularização Ambiental Rural do Serviço Florestal Brasileiro, Marcus Vinícius Alves.
Em seguida, a Analista Ambiental Janaína Mendonça, completa: “A regularização, portanto, é a finalidade do processo, que seria justamente ter a vegetação nativa na propriedade.”
Assista a conversa completa no vídeo abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=SR7iVpbv_9E&list=PLb97GwY49gU_PpmJuqJvJre-Qvsr22VwT&index=2
Crédito Rural e Incentivos
Após estarem com a regularização em dia, produtores e produtoras podem aplicar para linhas de créditos e incentivos que estimulam a atividade agropecuária e oferecem a possibilidade de se tornarem mais competitivos no mercado. Essas fontes de recursos financeiros são ferramentas que estão sendo colocadas em prática para desenvolver e incentivar práticas mais sustentáveis no campo, sem deixar de lado o aumento da produtividade e do lucro.
A conversa envolveu o Auditor Fiscal Federal e Agropecuário do Ministério da Agricultura e Pecuária, Luís Rangel, o Secretário-Executivo de Agricultura Familiar de Povos Originários e Comunidades Tradicionais da SEAF/Semadesc-MS, Humberto de Mello, e o Gerente de Ciência do Clima do Imaflora, Paulo Camuri.
“O agricultor faz um esforço muito grande para tentar produzir e tirar o seu sustento de uma atividade naturalmente difícil como a agropecuária, então o instrumento sustentável que nós oferecemos também precisa ser lucrativo. Primeiro, a sustentabilidade vem como um cobenefício e, logo em seguida, vem a consciência – o produtor se educa e percebe as inúmeras vantagens de se adotar práticas sustentáveis. Assim, elas se disseminam de maneira muito mais eficiente”, destaca o Auditor Fiscal Federal e Agropecuário do Ministério da Agricultura e Pecuária, Luís Rangel.
Aprenda mais sobre o assunto no episódio completo:
https://www.youtube.com/watch?v=JOY4I1cj18Q&list=PLb97GwY49gU_PpmJuqJvJre-Qvsr22VwT&index=3
Certificações
No terceiro e último episódio do “Programa Futuro Sustentável: o que dizem os especialistas”, o debate se forma em torno das certificações e como elas impactam na vida dos(as) produtores(as), do mercado e dos consumidores. Com o objetivo de garantir a qualidade do alimento, dar segurança a quem consome e promover a sustentabilidade dos produtos, as certificações agregam valor para a produção e permitem que o(a) produtor(a) acesse um mercado cada vez mais ampliado.
Para explicar melhor o assunto, o programa trouxe os especialistas Lara Souza, Coordenadora-Geral de Produção Vegetal do Ministério da Agricultura e Pecuária, Rogério Dias, Conselheiro do Instituto Brasil Orgânico, e Matheus Monteiro, Gerente de Certificações e Incentivos do Projeto Rural Sustentável - Cerrado.
Durante a conversa, o Conselheiro do Instituto Brasil Orgânico, Rogério Dias, ressalta que “quanto mais global é o mercado, mais importante é a certificação. Quando você tem uma produção local para um mercado local, você tem o contato direto com quem produz e quem consome. Mas na hora que os produtos começam a sair do seu lugar de produção, a certificação passa a ser uma forma de dar credibilidade àquilo que você está comprando.”
Confira o episódio completo abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=N3DBLvJlIrw&list=PLb97GwY49gU_PpmJuqJvJre-Qvsr22VwT&index=4
Crédito rural na prática: Dias de Campo seguem mobilizando produtores(as) no Cerrado
Os Dias de Campo: Oficinas de Crédito Rural promovidos pelo Projeto Rural Sustentável – Cerrado continuam em andamento, reunindo pequenos(as) e médios(as) produtores(as) de quatro estados do bioma para fortalecer o acesso ao crédito rural e impulsionar práticas agrícolas mais sustentáveis.
Iniciadas no dia 21 de maio, as oficinas seguem acontecendo até o mês de agosto, com encontros programados para 39 Organizações Socioprodutivas (OSPs) parceiras do Projeto nos estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Os eventos contam com a presença de profissionais das frentes executivas do PRS – Cerrado, técnicos de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) e representantes de instituições financeiras, proporcionando um espaço direto de troca entre produtores(as) e agentes do setor.
Conhecimento que transforma
O objetivo central das oficinas é ampliar o conhecimento sobre as vias de acesso ao crédito rural, desde o entendimento básico sobre tipos de crédito e sua finalidade, até aspectos mais práticos como documentação necessária, regularização de propriedades e etapas do processo de solicitação. Tudo isso aliado à promoção de práticas produtivas de baixa emissão de carbono, que fazem parte da proposta do PRS – Cerrado.
“Foi muito proveitoso, tivemos várias informações interessantes em torno do crédito rural”, comenta Tamira Ribeiro, produtora associada da Coopercampra, em Uberlândia (MG). “Gostaria de agradecer ao Projeto por colocar embasamento, informação, e nos aproximar das instituições financeiras. Hoje, o pequeno produtor é quem mais precisa desse crédito. Ele é muito benéfico para alavancar a produção nas pequenas propriedades — que são, na maioria das vezes, as responsáveis por colocar alimento na mesa do brasileiro.”
Com uma linguagem acessível e foco na realidade dos agricultores e agricultoras do Cerrado, os Dias de Campo têm ajudado a desmistificar o crédito rural, um tema que ainda gera insegurança para muitos que produzem no campo. As oficinas vêm sendo também um momento para incentivar a regularização das propriedades, etapa essencial para viabilizar o acesso ao crédito.
“O primeiro passo é sonhar”, afirma Viviana Souza, produtora rural de Canarana (MT). “Depois a gente vai em busca da regularização para daí você poder entrar e ver que é possível. Aqui nem todos estão regularizados com sua documentação para adquirir um crédito rural, então hoje vemos a importância de se buscar conhecimento e sair daqui com esperança de se regularizar.”
A receptividade dos eventos também tem sido destaque entre as lideranças locais. Para Rosalvo Nunes, Presidente da Associação de Produtores Rurais do Assentamento Esperança (ASPRAESP), em Anaurilândia (MS), a oficina foi um divisor de águas para os(as) cooperados(as).
“Foi uma das maiores gratificações que o assentamento recebeu. O evento abriu a cabeça de muitos produtores sobre o crédito rural. Tudo isso graças ao Projeto Rural Sustentável, que nos colocou frente a frente com as instituições. Esse é um projeto que veio para ficar e organizar a vida de muita gente”, ressalta.
Informação na mesa do(a) produtor(a)
Além das atividades presenciais, o Projeto também disponibiliza materiais informativos gratuitos sobre o tema, como o folder “Soluções de Crédito Rural” e as cartilhas “Guia de Acesso ao Crédito Rural” e “Crédito Rural na Prática”. Os materiais apresentam de forma simples e direta as principais informações sobre tipos de crédito, critérios de acesso, documentos exigidos e orientações passo a passo para produtores(as) que desejam buscar financiamento.
Com as oficinas e os conteúdos educativos, o PRS – Cerrado segue reforçando seu compromisso com a inclusão produtiva, a adoção de práticas sustentáveis e a construção de um meio rural mais justo, organizado e resiliente.
Participe você também e compartilhe com alguém interessado(a)! Clique aqui e entre em contato com o monitor(a) de sua região para mais detalhes sobre os Dias de Campo: Oficinas de Crédito Rural!
PRS – Cerrado realiza curso presencial para ATECs em Minas Gerais
Com o objetivo de fortalecer o trabalho de quem está diretamente no campo junto aos produtores(as) rurais, o Projeto Rural Sustentável – Cerrado deu início a uma série de Cursos Presenciais voltados a Agentes de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATECs). As atividades fazem parte de uma parceria do Projeto com a EMATER e o IEF , que visa contribuir com a qualificação técnica dos agentes e alinhar seus conhecimentos aos temas-chave do Projeto, como regularização ambiental, crédito rural e tecnologias de baixa emissão de carbono.
O primeiro encontro do curso aconteceu entre os dias 1º a 3 de julho, em Belo Horizonte (MG), reunindo os profissionais que atendem os(as) beneficiários(as) do Projeto no estado. Ao todo, 20 ATECs estavam presentes, sendo eles das seguintes empresas: Ekocap, Tipóia, Rede Terra, Coopervap e SIC. Entre os conceitos abordados durante a capacitação, estavam a regularização ambiental e crédito rural como caminhos para a implantação de tecnologias sustentáveis nas propriedades, além de orientações práticas sobre linhas de crédito rural, suas finalidades, condições e quem pode acessá-las.
“Essas ferramentas são muito importantes para levarmos aos produtores, pois é um gargalo que muitas vezes impede deles realizarem as atividades nas propriedades. E o técnico estando capacitado, tendo essa informação, vai levar muito potencial para as atividades que eles vão exercer por lá”, destaca a agente da Rede Terra, Welyda Braga.
A palestrante do módulo de regularização do curso presencial em Belo Horizonte, Janaína Mendonça, é analista do IEF-MG e comenta sobre a importância da parceria do Instituto com o PRS - Cerrado. “O projeto já trabalha fomentando esse produtores rurais e através desse contato dos extensionistas com esses produtores, nós do IEF vamos poder viabilizar a regularização ambiental dos imóveis, e com isso o produtor só ganha – melhorando a qualidade ambiental e a capacidade de produtividade de suas áreas. Recuperar áreas, recuperar o Cerrado, é contribuir para a segurança hídrica, segurança alimentar, para a questão climática, e também para a melhoria da qualidade de vida nesses territórios”, ressalta.
Cursos Presenciais: do conhecimento à prática
Por meio de dinâmicas de integração, estudo de caso e oficinas práticas, os Cursos Presenciais têm o objetivo de criar um espaço de troca de conhecimentos e tira-dúvidas sobre as atividades de assistência técnica e extensão rural realizadas dentro do Projeto. Ao capacitar os(as) agentes com esse conjunto de conhecimentos, busca-se qualificar ainda mais o atendimento nas propriedades, garantindo que os(as) produtores(as) recebam informações claras, atualizadas e úteis para tomar decisões conscientes e sustentáveis em suas atividades produtivas.
O agente da Rede Terra, Rodrigo Ribeiro Santana, também conta sobre a sua experiência durante os dias de capacitação: “Foi um curso muito proveitoso porque foram abordados vários temas sobre a agricultura familiar. Foram feitas atividades práticas que resultaram em um resultado mais espontâneo, onde podemos aproveitar mais o convívio e o histórico que temos com o produtor para levar o crédito rural até ele.”
As atividades fazem parte da Jornada de Aprendizagem do Programa de Capacitação do PRS – Cerrado, iniciada pela parte teórica, desenvolvida nos cursos de Ensino a Distância – EaD Introdutório e EaD Avançado, e finalizada na parte prática com os Cursos Presenciais.
PRS - Cerrado abre edital para contratação de serviços de ATER
O Projeto Rural Sustentável – Cerrado acaba de disponibilizar um novo edital para a contratação de serviços técnicos especializados em Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) com foco em sustentabilidade. Os(as) interessados(as) devem enviar as documentações até o dia 14 de julho.
O objetivo da contratação envolve a realização de ações de assistência técnica e extensão rural com foco no desenvolvimento de práticas agropecuárias sustentáveis e principalmente na implantação de uma ou mais tecnologias de baixa emissão de carbono apoiadas pelo projeto – sistemas integrados de lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e a recuperação de pastagens degradadas (RPD).
As atividades consistem em visitas técnicas presenciais e atendimentos remotos individualizados a produtores e produtoras rurais, além de atividades integrativas e coletivas, em formato de ATER Coletiva.
Condições de participação
Este processo seletivo é exclusivamente direcionado para as instituições pré-qualificadas na 1ª e 2ª Chamada para Pré-qualificação de Instituições de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) do Projeto Rural Sustentável - Cerrado e que já estejam executando a atividade de ATER nas Unidades Multiplicadoras (UMs) do projeto.
Os(As) técnicos(as) deverão ter formação técnica e/ou superior na área das ciências agrárias e/ou áreas afins, com os respectivos registros profissionais devidamente regularizados nos conselhos competentes (CREA, CRMV e afins).
Leia o edital completo e verifique as documentações necessárias para realizar a sua inscrição!
Crédito Rural: PRS – Cerrado lança cartilhas com informações essenciais sobre o tema
O acesso ao crédito rural é um passo importante para quem deseja investir, ampliar ou melhorar sua produção no campo. Pensando em apoiar esse processo, o Projeto Rural Sustentável – Cerrado preparou uma série de materiais informativos gratuitos que ajudam a entender melhor como funciona o crédito rural no Brasil, principalmente em um cenário voltado para a implantação das tecnologias de baixa emissão de carbono no Cerrado brasileiro.
As publicações incluem o folder “Soluções de Crédito Rural” e as cartilhas “Guia de Acesso ao Crédito Rural” e “Crédito Rural na Prática”. De forma clara e direta, os materiais explicam:
- O que é o crédito rural;
- Quais são os principais tipos disponíveis;
- Quem pode acessar;
- Documentos necessários;
- E como gerir e aplicar os recursos na prática.
Esses conteúdos foram desenvolvidos especialmente para pequenos(as) e médios(as) produtores e produtoras rurais do Cerrado, além de serem úteis também para técnicos(as), lideranças de organizações socioprodutivas – cooperativas e associações – e gestores(as) públicos(as). Pensando nisso, os materiais estão sendo utilizados nos Dias de Campo: Oficinas de Crédito Rural como forma de apoio às ações com as OSPs parceiras do Projeto.
Acesse gratuitamente os materiais pelos links abaixo!
Folder - Soluções de Crédito Rural
Cartilha Vol. 1 - Guia de Acesso ao Crédito Rural
Cartilha Vol. 2 - Crédito Rural na Prática
O que você encontra em cada material?
Os materiais lançados trazem informações práticas sobre o acesso ao crédito rural. O folder “Soluções de Crédito Rural” apresenta um panorama das principais linhas de crédito disponíveis para a agricultura familiar, detalhes sobre finalidades, condições, limites, taxas de juros e opções de financiamento voltadas para práticas sustentáveis e tecnologias de baixa emissão de carbono no Cerrado.
A cartilha “Guia de Acesso ao Crédito Rural” orienta produtores(as) sobre como buscar financiamento agrícola, explicando as etapas, documentos necessários e principais modalidades de crédito, com foco no desenvolvimento rural sustentável.
Já a cartilha “Crédito Rural na Prática” mostra, por meio de exemplos reais, como utilizar o crédito rural no dia a dia da propriedade, abordando desde o planejamento financeiro até a aplicação dos recursos em atividades como plantio e recuperação de pastagens, além de dicas para uma gestão eficiente e responsável.
Juntos, esses materiais oferecem um conteúdo didático e acessível, facilitando o entendimento e o uso do crédito rural por quem vive e trabalha no campo.
Desenvolvimento Rural no Cerrado Mineiro é tema de evento Pré-COP 30
O Projeto Rural Sustentável – Cerrado foi um dos destaques do evento “Pré-COP 30 – Desenvolvimento Rural no Cerrado Mineiro”, realizado no último dia 28 de maio, em Belo Horizonte (MG). O encontro reuniu mais de 100 técnicos(as), pesquisadores(as) e gestores(as) públicos com o objetivo de discutir o futuro da agropecuária no Cerrado mineiro, com foco na sustentabilidade e na adoção de práticas, políticas e programas de baixa emissão de carbono.
Promovido pela Superintendência Federal de Agricultura de Minas Gerais (SFA/MAPA) em parceria com a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (SEAPA), o PRS - Cerrado, e outras instituições, o evento foi uma importante preparação para a COP 30, que acontecerá em 2025, no Brasil.
Destaques da programação
Dentre as autoridades presentes no evento estava o Superintendente de Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais, Everton Paiva, o Diretor Técnico da EMATER-MG, Nauto Martins, o Chefe Geral da Embrapa Milho e Sorgo, Frederico Duraes, o Gerente de Desenvolvimento de Negócios do Consulado do Reino Unido, Maurício Guimarães, entre outros.
Um dos destaques da programação foi a palestra do Diretor Presidente do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS) e Coordenador Geral do PRS – Cerrado, Luís Tadeu Assad, que apresentou as experiências e resultados do Projeto em Minas Gerais. A fala abordou ações concretas realizadas junto a pequenos(as) e médios(as) produtores(as), como o incentivo ao uso de tecnologias sustentáveis, regularização ambiental e acesso ao crédito rural.
Em outro momento, o Coordenador de Cooperação e Desenvolvimento Sustentável do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), Carlos Venâncio, trouxe uma contextualização da COP 30 e o papel do governo brasileiro e das entidades em levar pautas sustentáveis pertinentes para a conferência.
Após a finalização do evento, será elaborado um documento-síntese contendo as potencialidades, desafios e sugestões que possam trazer contribuições do desenvolvimento sustentável do Cerrado mineiro para a agenda da COP 30.



Começam os Dias de Campo com foco no acesso ao crédito rural
Na última quarta-feira, 21 de maio, o Projeto Rural Sustentável - Cerrado deu início aos Dias de Campo: Oficinas de Crédito Rural, uma série de eventos voltados para as vias de acesso ao crédito rural no contexto produtivo do Cerrado brasileiro. As atividades acontecerão ao longo dos meses de maio a agosto para 39 Organizações Socioprodutivas (OSPs) parceiras do Projeto nos estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.
Voltados principalmente para pequenos(as) e médios(as) produtores(as) rurais beneficiários(as) do Projeto, os eventos também serão abertos ao público geral interessado na temática. Na programação, estarão presentes especialistas das frentes executivas do PRS - Cerrado, profissionais das empresas de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) e representantes de instituições financeiras que trabalham com crédito rural.




Os encontros têm como objetivo informar os(as) produtores(as) rurais sobre as possibilidades de acesso ao crédito rural, esclarecer dúvidas sobre documentação, processos de solicitação e condições, e incentivar a adoção de práticas agrícolas e pecuárias sustentáveis por meio de linhas de crédito específicas.
Tem interesse em participar? Clique aqui, procure o monitor(a) de sua região e entre em contato para mais detalhes!
Mais informações para você
Pensando em ampliar a disseminação de informações acerca do crédito rural, o PRS - Cerrado também produziu alguns materiais sobre a temática.
Com o folder Soluções de Crédito Rural e as cartilhas Guia de Acesso ao Crédito Rural e Crédito Rural na Prática, é possível conhecer um pouco mais sobre a definição do crédito, entender quais são os tipos e quem pode acessá-los, além das documentações necessárias e o funcionamento na prática. O acesso é gratuito através dos links disponibilizados acima.
É por meio de ações como essas que o PRS - Cerrado fortalece seu compromisso com o desenvolvimento rural sustentável e a inclusão produtiva dos pequenos(as) e médios(as) produtores(as) do Cerrado.
PRS – Cerrado participará de evento Pré-COP 30 em Minas Gerais
O Projeto Rural Sustentável – Cerrado será um dos destaques do evento “Pré-COP 30 - Desenvolvimento Rural no Cerrado Mineiro”, que será realizado no dia 28 de maio, das 9h às 17h, em Belo Horizonte (MG). O encontro é promovido pela Superintendência Federal de Agricultura de Minas Gerais (SFA/MAPA) em parceria com a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (SEAPA), o Projeto Rural Sustentável – Cerrado, entre outras instituições.
Com foco na promoção do desenvolvimento rural sustentável, o evento reunirá técnicos, pesquisadores e gestores públicos para debater os avanços no Cerrado Mineiro, especialmente a partir dos resultados do Plano de Adaptação e Baixa Emissão de Carbono na Agricultura – Plano ABC+ no estado. O objetivo é promover um ambiente de troca de experiências, com destaque para iniciativas que incentivam práticas agropecuárias sustentáveis e tecnologias de baixa emissão de carbono.
O evento é gratuito, mas é necessário que se faça uma inscrição prévia através do site Sympla.
Fique de olho na programação
Um dos momentos esperados da programação será a palestra do Diretor Presidente do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS) e Coordenador Geral do PRS – Cerrado, Luís Tadeu Assad, que abordará o tema “Experiências do Projeto Rural Sustentável – Cerrado no estado de Minas Gerais”. A apresentação trará um panorama das ações desenvolvidas pelo projeto no estado, além dos impactos positivos na agricultura familiar e no uso sustentável da terra.
Confira a programação completa:
Pré-COP 30 - Desenvolvimento Rural no Cerrado Mineiro
Local: Av Raja Gabaglia, 245 - Belo Horizonte/MG
Data: 28/05/2025
Hora: 9h às 17h
Inscrição: https://www.sympla.com.br/evento/pre-cop-30-desenvolvimento-rural-no-cerrado-mineiro/2948791
Agricultura familiar e extrativismo mobilizam sustentabilidade no campo e nas florestas
O extrativismo, a agricultura e a pecuária sustentável são fontes de alimentação e sustento para milhões de brasileiros. Múltiplas e com especificidades para cada bioma, região e estado, acontecem na pluralidade geográfica — em campos, savanas, semiáridos, florestas e matas. E são construídas pela diversidade social e étnica do país, por pessoas agricultoras familiares, assentadas, quilombolas, indígenas, silvicultores e extrativistas.
Responsável pela produção de 70% dos alimentos consumidos diariamente na mesa de milhões de brasileiros e brasileiras, a agricultura familiar gera 10,1 milhões de ocupações no campo, de acordo com dados do Censo Agropecuário mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2017) e do Anuário Estatístico da Agricultura Familiar de 2024. Isso se traduz em 67% das ocupações do campo, em 3,9 milhões de estabelecimentos de agricultura familiar — 23% das terras no meio rural. Essa forma de produção de alimentos corresponde a 23% do valor bruto da produção agropecuária brasileira e atua na dinamização econômica de 90% dos municípios com até 20 mil habitantes (68% dos municípios nacionais)
Em 2023, o extrativismo vegetal mobilizou R$ 6,2 bilhões no setor de extração vegetal e da silvicultura brasileira. Ao fazer o recorte dos extrativos não madeireiros, o valor da produção foi de R$ 2,2 bilhões — desse, R$ 1,85 bilhão foi mobilizado pelo grupo de produtos alimentícios. Interconectado diretamente com os saberes da floresta e relevante para povos e comunidades tradicionais e indígenas, o extrativismo não madeireiro contribui para geração de renda, emprego e alimentação. Esses são dados do levantamento “Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura 2023”, do IBGE.
Entre os produtos extrativos não madeireiros, o açaí mobilizou R$ 853,1 milhões da produção, seguido da erva-mate — com R$ 589,6 milhões. Do total do valor da produção, o açaí, a erva-mate, a castanha-do-brasil, o pequi e o pinhão representaram 46%, 31,8%, 9,3%, 3,5% e 3,3%, respectivamente. Ainda de acordo com o levantamento, ao destrincharmos por estados, o Amazonas liderou a produção nacional na cadeia da castanha-do-brasil (10,6%), ao passo que o Pará registrou a maior produção de açaí — 70,2% da produção nacional. Na terceira cadeia mais extraída, o pequi teve um aumento de 34%, em comparação com os dados de 2022, e Minas Gerais foi o principal produtor.
Os dados do setor extrativista e da agricultura familiar são expressivos — e por trás de cada número existem milhões de pessoas ligadas ao trabalho rural, incluindo agricultores e agroextrativistas. Pessoas que tiram da terra seu alimento do cotidiano e seu sustento, pessoas que estabelecem conexões profundas com seus territórios e comunidades, pessoas que aplicam e buscam por estratégias produtivas eficientes e respeitosas com o meio ambiente. E é nesse contexto que o Programa Rural Sustentável se insere.
Conciliando desenvolvimento social e econômico no campo e nas florestas com práticas sustentáveis de baixa emissão de carbono, o Programa Rural Sustentável (PRS) vem transformando a realidade dos biomas do Brasil. Iniciado em 2012, deixou um legado nas florestas tropicais do país, com o Projeto Rural Sustentável – Mata Atlântica e Amazônia (2012-2019), e no semiárido brasileiro, com o Projeto Rural Sustentável – Caatinga (2029-2023). Essa história já sensibilizou diretamente mais de 17.300 produtores e produtoras no campo — com o primeiro projeto do Programa — e 1.505 famílias agrícolas na Caatinga.
O objetivo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa (GEE) do setor produtivo e aumentar a qualidade de vida no campo continua mobilizando o trabalho do Programa Rural Sustentável nos dois maiores biomas do país. Atuante com os Projetos Rural Sustentável na Amazônia (2022-presente) e no Cerrado (2019-presente), impulsiona tecnologias produtivas de baixo impacto ambiental, juntamente com o incentivo à sociobiodiversidade nos territórios amazônicos.
Neste Dia do Trabalhador e da Trabalhadora Rural (25), te convidamos a conhecer histórias de impacto de cuidado com o meio ambiente e geração de renda. São histórias de pessoas que constroem os Projetos conosco — e tecem o que o Programa é.
Projeto Rural Sustentável — Cerrado (2019-presente)
Trabalhar no campo, em conexão com a terra, é uma jornada complexa — com seus encantos, sonhos, redes e entraves que desafiam a criatividade. Ser agricultor e agricultora familiar requer atenção para ouvir o que a natureza fala e disposição para inovar e encontrar caminhos diferentes para conseguir o sustento.
No Projeto Rural Sustentável - Cerrado, a criatividade é uma ferramenta que move e transforma vidas — no dia a dia dos ecossistemas produtivos, nos encontros de assistência técnica e oficinas, nas salas de aula para capacitação, E, junto a esse esforço de criação, também estão presentes a valorização e o apreço a esse bioma que carrega tanta diversidade, resiliência e vida.
Um exemplo dessa sinergia é o trabalho realizado por Realino Lopes, agricultor familiar em uma das Unidades Demonstrativas (UD) no Projeto, em Orizona, Goiás.
Na propriedade, a fazenda Taquaral de Cima, Realino Lopes desenvolve um Sistema Agroflorestal (SAF). Estão presentes uma diversidade de vegetais para venda — batata-doce, cenoura, cará, inhame e mandioca — frutos para venda e produção de polpas — incluindo açaí, de cajá-manga, acerola, limão, graviola e goiaba. Esses cultivos são direcionados para a merenda escolar municipal, ao comércio particular e, as frutas, vão para a mini-agroindústria de polpas, instalada com o benefício do Projeto.
Sua história de vida é atravessada pelo trabalho rural. Antes, o agroflorestor atuou como técnico agropecuário, passando, tempo depois, a dedicar-se exclusivamente à atividade leiteira. Com o tempo, a fruticultura chamou a atenção — e segue nessa área produtiva até hoje. A tecnologia implantada para cultivo dialoga com um histórico de conservação da propriedade, cuidado aprendido com o pai de Realino: cerca de 40% da fazenda tem o Cerrado preservado.
Quando perguntado quais espécies nativas do Cerrado habitam a propriedade, o agricultor precisa de um tempinho para listar a biodiversidade. Frutíferas, ornamentais e medicinais. “Eu tenho diversas plantas do Cerrado [aqui na propriedade]. Hoje, elas não são tão comerciais ainda, mas eu quero fazer uma parte da agrofloresta com produtos do Cerrado. Aqui tem pequi, tem angá (ou ingá), veludo branco… Tem mamacadela, pé-de-anta, algodãozinho e maria pobre, que são medicinais. O jacarandá, que é uma árvore do Cerrado, e os ipês — branco e rosa”, Realino puxa na memória. “E tem uma espécie de coqueirinho aqui também, que os bichos gostam de comer a polpa”, detalha.
A biodiversidade vai além de vegetais. Pelo nível de conservação, os animais encontram um refúgio no lar de Realino Lopes: ali aparecem espécies de macaco, jacu, quati, tatu, tamanduá e mutum — isso sem mencionar os pássaros. Para ele, conservar o bioma e realizar práticas produtivas sustentáveis são formas de gerar estabilidade ao meio ambiente, “para poder melhorar a proteção ambiental que vai favorecer a saúde da gente, da nossa família e também do nosso cultivo — com produtos mais sadios para o mercado”, complementa.
No dia a dia, Realino exercita a criatividade para lidar com desafios e expandir novos horizontes. Atualmente, o principal dilema é o processo de organização e de inserção no mercado das polpas de fruta — nesse cenário, participar do Projeto Rural Sustentável - Cerrado se mostrou um caminho de soluções, porque apoiou e acelerou a construção da mini agroindústria de polpas na Unidade Demonstrativa. Agora, um dos caminhos que almeja é aproveitar a biodiversidade cerratense como fonte de renda, ao implementar frutos do Cerrado na agrofloresta.
Esse é um mercado que ainda tem muito a ser explorado e incentivado por políticas e programas públicos e iniciativas privadas, especialmente por promover autonomia financeira da população do Cerrado, conciliar estratégias de conservação dos ecossistemas e mobilizar o desenvolvimento sustentável no bioma. “A valorização da biodiversidade regional possibilita atender com mais eficiência diferentes demandas do mercado consumidor, no caso de feiras, supermercados e de programas de governo, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)”, explica Josyany Mendes, coordenadora estadual do Projeto Rural Sustentável – Cerrado em Goiás.
“Esses espaços e iniciativas priorizam uma produção mais diversificada, nutritiva e saudável, e, consequentemente, representam maiores possibilidades de aumento de renda e autonomia financeira, principalmente para pequenos produtores da agricultura familiar que trabalham com espécies sazonais”, complementa.
Realizada em 2017, pesquisa desenvolvida pela Conexsus mapeou mais de 202 cooperativas e associações ligadas ao trabalho com a sociobiodiversidade do Cerrado, formados, em sua maioria, por agricultores familiares e populações quilombolas. Os dados indicam que entre 9 mil e 15 mil pessoas tiram sua renda dos produtos do bioma, como baru, pequi, cagaita, jatobá e buriti — o faturamento conjunto das organizações chegou a R$139 milhões.
Além do impacto financeiro, sendo muitas vezes uma fonte de renda extra alternativa aos cultivos plantados frequentemente, o incentivo ao mercado da sociobioeconomia cerratense reduz o impacto ambiental do setor produtivo e mitiga a emissão dos gases do efeito estufa (GEE). “Essas práticas impulsionam uma maior produção de espécies nativas do bioma, assim como incentivam um modelo de produção mais sustentável, utilizando menos químicos, contribuindo também para o equilíbrio ecológico e dinâmico dos ecossistemas produtivos”, a coordenadora estadual contextualiza.
Esse novo mercado dialoga diretamente com os objetivos do Projeto Rural Sustentável - Cerrado: mitigar as emissões do efeito estufa, promovendo práticas produtivas sustentáveis e a adoção de tecnologias de baixa emissão de carbono, em pequenas e médias propriedades do bioma. Em consonância, disponibilizar assistência técnica e extensão rural (ATER), ações de capacitação, dias de campo e mobilizar pesquisas sobre sustentabilidade no território.
Projeto Rural Sustentável — Amazônia (2022-presente)
Na floresta amazônica, o trabalho com a terra estabelece uma forma de coexistência profunda entre gente e natureza. Pessoas desenvolvem seus sustentos e modos de vida a partir dos ecossistemas, crescem, resistem e lutam juntos pela floresta e seus povos de pé. É um crescimento interconectado e milenar que gera riquezas e saberes incomparáveis, conhecimentos e aprendizados íntimos da sociobiodiversidade desse bioma tão fundamental para a vida no Brasil e no mundo.
Agricultores e agricultoras familiares, agroextrativistas, povos indígenas, populações quilombolas, povos tradicionais e ribeirinhos protagonizam o trabalho nas florestas e nos campos amazônicos. Articulam, diariamente, a manutenção de suas formas de viver e a garantia do sustento com a conservação do bioma, gerando um grande impacto na contenção das mudanças climáticas.
Aqui, você vai conhecer a história de Maria Josefa Machado Neves, uma mulher amazônica que representa tantas outras. Em sua trajetória por uma melhor qualidade de vida nos territórios, seu trabalho em rede vem promovendo autonomia entre as trabalhadoras rurais em São Félix do Xingu, no estado do Pará.
Com pais agricultores familiares, Maria Josefa cresceu na roça, em contato com o plantar e colher nas terras amazônicas. “Ao longo da minha vida, hoje nos meus 54 anos, já fiz de tudo que se faz na roça de plantio. Eu já fiz e ainda sei fazer”, compartilha a presidente da Associação das Mulheres Produtoras de Polpa de Fruta (AMPPF).
Iniciada em 2 de março de 2012, a associação surgiu a partir de um pequeno grupo de produtores que entregava polpas pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Em determinado momento, uma ‘mulher muito guerreira’, gentilmente Maria Josefa rememora, chamou os produtores para formarem uma associação, já que muitas frutas apodreciam nos quintais, sem aproveitamento. “Ela lutou tanto pela associação! Quando a gente começou, tivemos muitos altos e baixos, mas quando a gente caia, tentávamos levantar. E uma das maiores quedas foi quando nós perdemos ela, em 2017. Nós quase desistimos, mas ela era muito influente e sempre dizia para a gente seguir em frente com a associação”, relembra a presidente.
Na época, ela e sua família desenvolviam uma lavoura branca — sazonal, é uma cultura agrícola temporária, que dura no máximo um ano e que precisa ser replantada a cada ciclo. Em 2016, já haviam começado a plantar cacau, mas passaram por um grande desafio: toda a lavoura pegou fogo, destruindo 1.500 cacaueiros produtivos.
“A gente perdeu essa plantação toda. Vendemos a terra, porque era perto de fazendeiros, e compramos a terra onde, hoje, eu moro, que é uma chacarazinha. Mas tudo mudou muito. Eu vendi uma terra grande e comprei uma terra pequena e a terra pequena me dá mais do que a terra grande me daria”, resgata Maria Josefa. Na época, quando comprou o terreno que hoje chama de lar, só havia capim. Decidida, reflorestou toda a propriedade — “e agora ela está toda plantada com cacau e com os sistemas agroflorestais que desenvolvemos aqui, com as frutíferas. Praticamente, eu moro no meio da floresta”, detalha. E toda essa história, ela conta, foi transformada a partir do momento em que engajou mais na associação.
A AMPPF é construída por 66 associados, sendo 48 mulheres e 18 homens. Maria Josefa explica que a associação é inteiramente dirigida por mulheres: os homens que participam são maridos e filhos. “A gente até brinca que eles são os nossos carregadores de caixa”, conta com senso de humor. Um dos objetivos da organização, para o futuro, é separar a sociedade em duas modalidades: sócios fornecedores — aqueles que entregarão os frutos — e sócios ativos — os que participam diretamente das decisões coletivas.
E esse coletivo produz com diversidade: junto às polpas de frutas, cultivam cacau e amêndoa e produzem mel. A variação de produtos dialoga com a sociobiodiversidade amazônica, aspecto bem valorizado pelas produtoras. “Os frutos da biodiversidade amazônica são muito importantes para nós, polpeiras, como eu chamo”, explica a presidente.
“Os frutos garantem a renda das famílias. São importantes não só pela ajuda financeira, mas também pelo protagonismo feminino, gerando também o empoderamento feminino. A mulher vai complementar a renda de casa e também terá o seu próprio dinheiro”, complementa.
O impacto da produção com a biodiversidade no território vai além do fator econômico: impacta, também, na autonomia financeira das mulheres associadas. “Quando ela trabalha e ganha seu dinheiro, ela sempre considera primeiro a família, ajudar o marido, depois que vem o pensamento que pode comprar algo para si. Aqui, ela complementa a renda de casa e também pode fazer o que quiser com o próprio dinheiro, sem precisar do marido”, Maria Josefa contextualiza. E reforça: “a nossa associação mudou completamente a vida de todas as mulheres que estão dentro desse grupo coletivo”.
Os associados estão espalhados pelo município de São Félix do Xingu — em Manguari, Tancredo Neves, Nereu, Xadá e Santa Rosa. E em todas essas regiões, o principal desafio enfrentado pelos agricultores familiares é o uso de agrotóxico pelas propriedades vizinhas, que acabam contaminando a produção da AMPPF e reduzindo a produtividade das plantas frutíferas. “Os produtores vizinhos a onde eu moro estão inseridos na associação e a gente aprendeu a reflorestar com os sistemas agroflorestais. Mas, agora, nós estamos lutando para poder plantar. Plantamos, mas aparece um drone ou um avião com veneno e mata. Estamos sofrendo muito com isso”, desabafa.
Apesar dos desafios enfrentados pela associação, a presidente reforça que todo o grupo associado nunca perdeu a esperança. Tiveram esperança e resiliência para lidar com as dificuldades, continuando nessa jornada apesar dos altos e baixos de ser agricultor familiar… E seguiram. “Para o futuro, eu espero uma mudança, uma melhoria. Que a gente, a cada dia que passa, a cada ano que passa, a gente possa melhorar. Mesmo que às vezes seja um pouco difícil, a gente nunca desiste. A gente só espera que o amanhã seja melhor”, a presidente deseja.
E é aqui que o Projeto Rural Sustentável – Amazônia se insere, dialogando com os desejos de esperança e busca por uma melhor qualidade de vida no campo, conciliando o produzir com respeito à natureza e a promoção de mais dignidade nos territórios. “O projeto vem apoiando com capacitações e com os equipamentos. E isso nos auxilia a evoluir a nossa produção, porque a gente precisa de muito maquinário, por exemplo”, a presidente nos conta. “Com os equipamentos, os treinamentos e as oficinas, percebemos que temos muitas coisas boas ainda por fazer, para a gente aprender e auxiliar no processo produtivo”, complementa.
Com especial foco na valorização da sociobiodiversidade amazônica e na promoção de técnicas produtivas que respeitam a natureza, o Projeto entende que, para promover melhores condições de vida nesses territórios pela ótica produtiva, é fundamental conciliar os saberes tradicionais com conhecimentos técnicos. E essa transformação é construída em conjunto, explica Quênia Barros, coordenadora de campo do Projeto Rural Sustentável – Amazônia.
“Agroextrativistas, povos indígenas, comunidades tradicionais e agricultores familiares são protagonistas da economia da sociobiodiversidade. Seus modos de vida e produção sustentáveis contribuem diretamente para a conservação dos ecossistemas, a mitigação das mudanças climáticas e a melhoria da qualidade de vida nos territórios”, afirma a coordenadora.
Nesse cenário, “valorizar a sociobiodiversidade é apoiar cadeias produtivas sustentáveis, respeitar saberes tradicionais, fomentar mercados justos e fortalecer a autonomia produtiva e financeira das comunidades”, complementa. E reforça: “isso significa reconhecer que a floresta viva tem valor — e que esse valor precisa chegar às mãos de quem a protege todos os dias”.
É uma caminhada complexa que, igualmente como o trabalho nos campos e nas florestas, carrega seus aprendizados, orgulhos e dilemas. Mas que, em algum momento, recompensa.
“Nós temos os desafios, mas estamos na luta. Nós somos mulheres guerreiras, não desistimos fácil, por mais duro que seja. Já passamos por muitas coisas que poderiam nos fazer desistir, mas se tivéssemos desistido, não estaríamos aqui, onde nós estamos hoje, eu conversando com você e falando sobre a nossa realidade”, Maria Josefa reflete.
E finaliza, nos emocionando: “Porque tudo que eu estou falando aqui, não é só de mim. Eu conto um pouco das histórias de todas as outras associadas. Cada uma delas tem a sua história e essas histórias mudaram bastante. E mudou bastante, somos felizes e estamos juntas”.
Também se encantou com essas histórias? Venha conhecer os projetos mais de perto!